VELHO NA ESTRADA

O que irei relatar aqui aconteceu no ano de 2006, na estrada que liga as cidades de Morada Nova e Jaguaretama, no Ceará.

Estávamos no carro eu, uma prima, dois primos e a namorada de um deles.
Nosso destino era Solonópole, também no Ceará.
Estávamos vindo de Fortaleza, capital, e um dos meus primos tinha comprado uma moto 0 km, que, dizia ele, fazia parte de um "pacto demoníaco", pois o engenheiro mecânico que criou o modelo, supostamente tinha pedido uma "ajuda" ao demônio, para que a moto fosse a mais vendida no Brasil naquele ano, o que realmente aconteceu.

Esse "pacto" se fundamentava na criação de várias cruzes, pequenas e de cor preta, que seriam colocadas na parte de trás da lanterna dianteira das motos pelo fabricante; cada cruz continha um número, que variava de 1 a 10; esses números, dizia meu primo, tinham o número X de quantos acidentes o dono da moto sofreria para morrer.

Exemplo: se numa moto que tivesse uma cruz com número 2, o dono da moto sofreria dois acidentes, e morreria no 2º acidente; se tivesse uma cruz com o número 10, eles sofreria dez acidentes e morreria no 10º acidente.

Ele não chegou a me contar qual era o número que continha na sua moto, apenas disse que iria levar para sua mãe, em Solonópole, examinar a cruz, já que ela é uma mulher muito religiosa, e tinha se interessado pelo assunto.

 Estávamos viajando à noite, e estávamos na estrada que relatei mais ou menos às 8 horas da noite.
É exatamente o tipo de estrada que não possui nenhum tipo de iluminação, a única luz que podíamos ver era dos faróis do carro.
Meu primo, que estava dirigindo, tinha colocado música no carro, pra descontrair um pouco um ambiente; estávamos todos cantando, quando, de repente, meu primo e a namorada dele ficaram totalmente imóveis, na hora parecia que eles estavam com tanto medo que não conseguiam falar nada, nem ao menos executar um simples movimento; quando a namorada dele perguntou para o meu primo: "Tu viu aquele velhinho todo de branco no meio da estrada?"

- Meu primo apenas acenou com a cabeça, fazendo que sim.
Eu, logo comecei a tremer, pois o que um velhinho estaria fazendo ali naquela hora, e no meio da estrada?
Bom, não fui apenas eu quem começou a se apavorar, todos os outros que estavam no carro também começaram, quando eu vi, num movimento muito rápido, a namorada do meu primo jogando algo muito pequeno que ela tinha tirado do porta-luvas pela janela.
Fiquei meio sem saber o que era, pois eu ainda não sabia dessa história, nem sabia que meu primo estava levando a cruz da sua moto dentro do carro.
Passaram-se alguns minutos, e nós voltamos a cantar e fazer bagunça no carro, pois pensávamos que meu primo e sua namorada estavam apenas brincando com aquela aparição. Bom, não estavam.

Dois dias depois que chegamos em Solonópole, estávamos todos conversando de madrugada, contando histórias de terror, quando a namorada do meu primo entrou no assunto, e ela e meu primo contaram-nos toda a história, nos mínimos detalhes possíveis.
Eu na hora pensei que fosse mentira, e os outros que estavam escutando também acharam que aquilo era brincadeira, mas ela começou a falar sério, meu primo também, e depois até minha tia, a mesma que tinha pedido para o meu primo mostrar-lhe a cruz.

Ela começou a falar de rituais satânicos e tal, e eu e o resto do pessoal começamos a acreditar na história.
Aquilo era realmente uma história que tinha nexo. Fomos dormir pensando nisso.

   

Há alguns meses atrás, eu e a namorada do meu primo entramos no assunto de novo, e ela disse que contou a história a uma mãe-de-santo que era sua vizinha, e também me contou o que a sua vizinha tinha interpretado:

"A cruz continha uma maldição que era carregada para onde a cruz fosse levada, por isso vocês viram a aparição, aquilo foi um sinal a vocês, pois a cruz da moto do seu namorado continha o número 1, e se vocês não tivessem jogado fora a cruz, todos vocês teriam morrido em um acidente naquela noite, nenhum de vocês escaparia.

E, se vocês estavam em dúvida quanto ao velho na estrada, bom, era o 'Zé Pilintra', um dos maiores e mais poderosos pai-de-santo que já existiu, ele faria o papel da maldição da cruz, já que apareceu na forma humana". Quando ela me contou isso, eu gelei dos pés a cabeça; só de imaginar que poderíamos ter morrido naquela noite por causa de uma simples cruz e um simples descuido de a ter levado no carro.

Até hoje agradeço a Deus por ter feito que a namorada do meu primo tivesse jogado a cruz fora, hoje eu poderia estar morta.



Brenda Régio Garcis - Ceará - Brasil